A OUTRA FACE DO NOSSO MOJU

 Posto aqui esta poesia, de autoria da amiga Sandra Sacramento, que ouvi pela primeira vez numa Feira Agrocultural, quando ainda existia "Um Poema para Moju", retirada do blog Profª. Edilza Pontes

Não é que eu não queira cantar
A beleza e as maravilhas do nosso Moju
Como a lenda do boto e a boa natureza
Das frutas gostosas como o caju

Talvez algum dia eu crie uma poesia
Que cante a magia do amor e do Sol poente
Mas hoje meu canto exclui a alegria
É um retrato verdade de nossa gente

Gente que sofre, que chora, mas não perde a fé
Como esse povo sofrido da beira do rio Ubá
Que joga a rede na água grande do igarapé
De madrugada, ainda a espera do jantar

Digo que o peixe não deveria ser grande, nem encantado
Mas que apenas fossse o suficiente
Pra calar o choro faminto desse povo cansado
Que de tanta fome, só vive doente

De ti eu não espero mais nada
Por que sei que a ganância destrói o coração
Por isso não vê o choro e a lágrima
Na caminhada, na procissão

Mas sei que virás com aquele riso falso
Quando estiver chegando o dia da eleição
Enganando a todos com teu bom papo
Com doações de esmolas e apertos de mão

Por isso te odiarei sempre que te encontrar
Em qualquer lugar dessa terra carente de pão
Por que sei que tens poder
E nada fazes para saciar a fome dessa multidão.


Autora: Sandra Regina Diniz Sacramento

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