By | fevereiro 25, 2010 Faça um comentário

Mestre Jorge e o Banjo de Ouro

Lavrador, seringueiro e músico, desde jovem atua na luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra na região de Acará e Moju. É um dos responsáveis pela criação do grupo Experimental de manifestações culturais quilombola do baixo Caeté-Africa e Laranjituba. Este é Jorge Trindade, mais conhecido como Mestre Jorge, que se apresenta no próximo dia 04 de fevereiro, no Teatro do Centur, a partir das 20h, com o show “Banjo de Ouro”.
O evento tem como objetivo o fortalecimento da cultura afro-quilombola. Na ocasião vários grupos afro-descendentes participarão do evento, entre eles o Grupo Tradicional Quilombola Kizomba (Mojú), Grupo de Capoeira de África e Laranjituba (Moju), Grupo Mixilhão do Icatú (Moju), Grupo Sancari e o Grupo Sentapeia. Outros músicos da região também estarão no palco junto ao Mestre Jorge.
Mestre Jorge - Sua militância em defesa do povo afro-quilombola se inicia na década de 1940, quando integra a Frente do grupo música de raiz que criara com seus irmãos, em Acará sua terra natal. Com o grupo participa de eventos de música de raiz, toadas de boi, valsa, bolero, dentre outros.
Em 1950, na região ribeirinha do Rio Moju, onde fixou residência, com o apoio de uma série de amigos, inaugura o grupo de expressão cultural de música de raiz, com a proposta de trabalhar pela valorização social do negro através da cultura e da arte, principalmente no que se refere à música sua principal paixão. No primeiro ano de funcionamento, o grupo promoveu eventos onde carimbó, xóte, samba-de-cacete de autoria própria, eram apresentados e faziam a diversão de centenas de pessoas.  Jorge, além de cantar sempre procurou meios de promover a iniciação de jovens à cultura popular em geral, objetivando a formação de artistas populares e colaboradores.
Em 1952, inicia as rodadas de mestres oralidade, onde foi o principal contador de estórias. Em 1957, participa de grupo musical formado no intuito de realizar a diversão das famílias da região em morara em Moju.
Entre 1959 e 1965, Jorge e seu grupo, que publica também notícias de outras entidades do movimento negro. Em 1949, realiza a Conferência Nacional do Negro, e, em 1950, o 1º Congresso do Negro Brasileiro. Em 1961, publica o livro Dramas para Negros e Prólogos para Brancos, compêndio com peças nacionais que tratam da cultura negra, entre elas as montadas pelo TEN.
Em 1968, devido à perseguição política, Abdias abandona o país, num exílio que dura até 1981. Com a dissolução do Teatro Experimental do Negro, Abdias deixa de atuar e dirigir para o teatro, e sua militância ganha novas formas. Fora do Brasil, atua como conferencista e professor universitário. Publica uma série de livros denunciando a discriminação racial. Dedica-se à pintura, pesquisando visualidades relacionadas à cultura religiosa afro-brasileira. De volta ao país, investe na carreira política. Assume cargos de Deputado Federal e Senador da República pelo PDT, sempre reivindicando um lugar para a cultura negra na sociedade.



Texto original no Portal da Cultura em 04/02/2010
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