Moju em 1911, de acordo com o Almanak Laemmert
O Almanaque Laemmert (pelo
título original, Almanak Laemmert) como é conhecido, denominado Almanak
administrativo, mercantil, e industrial do Rio de Janeiro é
considerado o primeiro almanaque publicado no Brasil. Editado no Rio de Janeiro, entre 1844 e 1889, pelos
irmãos Eduard e Heinrich Laemmert. Mas autores argumentam que o Almanaque da Bahia seja
o mais antigo do Brasil.
Originários da cidade de alemã de Rosenberg,
no Grão-Ducado de Baden, os irmãos Laemmert fundaram a Livraria Universal e a
Tipografia Laemmert, pioneira no mercado tipográfico brasileiro.
Com textos sobre a corte
brasileira, os ministérios e a legislação imperial, para além de dados
censitários e até propagandas, o Almanaque Laemmert tornou-se fonte fundamental
para a compreensão do cotidiano brasileiro do século retrasado.
Atualmente, o acervo do
Almanaque, que conta com 46 edições e com cerca de 55 mil imagens, foi
disponibilizado pela OBJDIGITAL por meio
de seu sítio de Internet.
Em sua edição de 1911-1912
traz informações importantes e também algumas curiosas sobre Moju, conforme
podemos conferir abaixo.
O município de Moju possui
clima ameno e saudável. Os seus habitantes cultivam ativamente farinha de
mandioca, arroz, milho e feijão, sendo as suas principais produções a goma
elástica borracha, madeiras, cacau, castanha, breu, azeites de andiroba, e de
pataná, jutai-seca, etc. Também exporta couros, jabotis, estopa, chapéus de
cipó, cordas de curaná, laranjas, melancias, ananazes e muitas espécies de
frutas que o solo produz.
Presume-se a existência de
ouro no alto rio Moju. Já em tempos remotos, o Sr. Antônio Corrêa de Miranda,
proprietário da fazenda Santo Antônio do rio Moju, subindo o rio com um
profissional, procedeu a escavações em certa paragem, extraiu grande quantidade
desse metal. Tendo o referido mineiro, que se chama Hilário Martins, seguido
para a Bahia, seu estado natal, com parte do ouro que lhe tocou, lá faleceu,
não tendo com isso continuado a exploração do Sr. Corrêa de Miranda à falta de
pessoal habilitado para ela. Entretanto, até hoje, todos quantos sobem ao alto
Moju, afirmam a existência ali de muito ouro, porque em qualquer gruta, enseada
ou igarapé, como na mesma praia chamada Dona Januária, é visto muita
malacacheta, sinal infalível da existência do ouro. Há mesmo ocasiões em que a
praia Dona Januária parece estar toda coberta de ouro, e até o leito do rio,
onde quer que a nossa vista alcance. O panorama é imponente e deslumbrante.
Possui o Moju muitas
cachoeiras formadas de granito de superior qualidade, como gnessico, pegmatico,
calcite, calcário, quartzo, cristal, grês e muitas outas qualidades de pedras
aproveitáveis para construções prediais.
Existem no alto Moju grandes
seringais ocultos e é provável a existência de cauchaes. As cachoeiras são
abundantes desde a foz do rio Moju, em diversos lugares de suas matas; acima,
porém, da cachoeira Jararacuera existem florestas naturais de castanheiras.
A Vila de Moju comunica-se com
a cidade de Abaeté por meio de uma estrada de rodagem na extensão de 24 Km. Os
habitantes dos rios Ubá e Jambuaçu também comunicam-se com o Moju por meio de
uma estrada de rodagem cuja extensão é superior a 12 Km. Estas estradas se
acham em perfeito estado de limpeza e trânsito.
O rio Moju oferece franca
navegação aos vapores de pequeno e grande calado. A sua largura é variável
entre 280 e 300 metros no máximo e 150 a 180 no mínimo; e sua profundidade é de
10 braças em certos lugares do canal, que varia de 3 a 5 braças em suas
margens.
A sua população é composta de
600 habitantes, sendo a de todo o município calculada em 10.000 habitantes, dos
quais 603 são eleitores, até a revisão eleitoral de 1909.
Funciona na Vila de Moju o
Clube Recreativo Dr. João Coelho, próspera sociedade fundada em 7 de setembro
de 1907.
A Vila de Moju é constituída
por cinco ruas – da República, do Capitão Antônio Dornellas, General Gorjão,
Marechal Floriano e Humaitá. Três travessas – 7 de Setembro, 15 de Agosto e 16
de Novembro; duas avenidas – Marechal Bittencourt e 15 de Novembro; duas praças
– a do Divino Espírito Santo e São Benedito. Contêm 110 casas, estando ainda
algumas em construção. Seus edifícios públicos são: a Intendência Municipal, a
cadeia pública, o Grupo Escolar Dr. João Coelho, curro público, et. Avulta a bela
Igreja Matriz que se acha em obras de reconstrução. Existem 2 cemitérios
regulares, sendo a vila servida por três pontes particulares e um trapiche
público coberto de ferro zincado, e iluminação pública feita pelo sistema de
gás acetileno.
Funcionam na Vila de Moju o
juízo substituto, a coletoria estadual, subprefeitura de polícia, cartório de
registro civil e o comando da 2ª brigada da Guarda Nacional.
Administração Municipal
Intendente e Presidente: Cel.
Diogo Henderson
Vice-Presidente: Cap. João
Raimundo dos Reis
Vogais: Cap. José Francisco de
Sarges e Cunha, Cap. Feliciano Ferreira Maia, João Cristino Franco, Cap. Manoel
Porfírio de Lima.
Secretário: Ten. Cel. José
Barbosa de Castro Lima
Tesoureiro: Ten. Agostinho
Santos Maia
Fiscal geral: Maj. Jorge
Henderson
Fiscais: Antônio Manoel
Cristão, Ten. Basílio Fagundes da Silva, Manoel Tourão Casqueiro, Ten. Pedro
Emídio da Costa e Alf. Raimundo Paraense Braga.
Porteiro: Lopo Ferrão de
Sousa.
Administrador dos cemitérios:
José Narciso Martins
Diretor de iluminação: José
Antunes dos Santos
Administração Judiciária
Oficiais do Registro Civil:
Ten. Arthur de Sena Monteiro (Vila do Moju) Alf. Filipe de Castro Pires
(Freguesia de Cairari)
Administração Policial
1º Distrito (Vila):
Subprefeito: Maj. Jorge Henderson – Escrivão: Ten. Agostinho Santos Maia
2º Distrito (Jambuaçu)
Subprefeito: Cap. Firmino João da Mata e Sousa Brabo – Escrivão: Emiliano
Antônio de Almeida
3º Distrito (Baixo-Moju):
Subprefeito: Olímpio Pena do Nascimento Bastos.
INSTRUÇÃO PÚBLICA
Grupo Escolar
Diretor: José Francisco de
Sousa Vieira
Professor: Alfredo Antônio
Malcher
Professoras: Ermelinda Veloso
Ferreira, Josefa Neves Pereira Lima, Rosa Lopes Pereira
Porteiro: João Cristino Franco
Criados: João da Rocha
Filgueiras e Joaquim da Rocha Filgueiras
Escolas Municipais
Professores: José Domingos do
Nascimento (Caeté), Amélia Gonçalves Martins (Jambuaçu) Pertuliano do
Nascimento Castro (Jambuaçu)
COLETORIA ESTADUAL
Cap. Marcos Romano dos Santos
(Moju)
Jayme da Silva Colares
(Cairari)
CORREIOS
Moju: Agente – José Antunes
dos Santos
Cairari: Agente – Raul C.
Pestana
RELIGIÃO
Estão vagas as duas paróquias
Irmandades
Em Moju: Divino Espírito
Santo, São Sebastião, N. Sra. de Santana, São Raimundo Nonato, São Raimundo
Penaforte, Santa Luzia, São João, N. Sra. de Nazaré e mais duas particulares.
Em Cairari: Santa Maria, São
Sebastião e N. Sra. da Soledade
COMÉRCIO
Negociantes
Antônio Francisco Nunes, Jorge
Henderson, M & B Martins e Cia., Manoel Carlos de Lima, Neves & Filho,
Pio Gomes de Araújo, Raimundo Bento da Conceição, Samuel & Sobrinho.
Padarias
Moju: Raimundo Bento da
Conceição, Manoel Carlos de Lima
Guajaraúna: Frederico Avelino
Martins
Jaguarari: Pina do Nascimento
Bastos
Jambuaçu: Firmino João da Mata
Brabo
INDUSTRIAIS
Fogos
Francisco Machado Lopes
(Cairari)
Manoel Almeida Pinto, Raimundo
Higino Costa (Moju)
Serrarias
Antônio Ramos de Oliveira
(Jambuaçu) e Simão Antônio Gomes (Guajaraúna)
PROFISSÕES
Barbeiros
Ten. Luiz Gomes Lameira e
Raimundo Fernandes do Amaral
Carpinteiros: Ten. Estêvão Antônio dos Santos, João Gualberto de
Sousa, José da Silva, Marciano Pedro dos Santos, Cap. Marcos Antônio dos
Santos, Pedro Rodrigues Maciel
Ferreiro: Clodoaldo Miranda
Funileiro: José Antunes dos Santos
Pedreiros: Crescêncio Manoel Pereira Henrique, João Rodrigues
Nepomuceno, Manoel do Nascimento Cabral, Raimundo Romano dos Santos, Ricardo
Antônio dos Santos
AGRICULTORES E LAVRADORES
Antônio dos Santos Quaresma,
Gerenaldo Antônio do Espírito Santo, Cap. José Francisco de Sarges e Cunha,
Manoel Pantoja da Costa, Manoel Antônio de Azevedo, Manoel dos Reis Cardoso,
Manoel Cordolo Ribeiro, Ten. Cel. Manoel Carlos de Lima, Maximiano Belarmino do
Espírito Santo, Martinho José de Sousa & Irmãos, Raimundo Paraense Braga,
Raimundo Antônio de Sousa, Teodoro Antônio de Castro
CRIADORES
Antônio Francisco Nunes,
Barata & irmãos, Ten. Basílio Fagundes da Silva, Cel. Diogo Henderson,
Francisco Rodrigues de Siqueira, Maj. Francisco Pestana, Cap. Firmino João da
Mata de Sousa Brabo, D. Joana de Lima Ferrão, Jerônimo Manoel Cardoso, Manoel
Bernardo da Silva, Manoel Carlos de Lima, Manoel Tourão Dias, Pio Gomes de
Araújo.
CAPITALISTAS
Antônio Francisco Nunes,
Barata & Irmãos, D. Eufrosina Corrêa de Miranda, Ten. Cel. José Barbosa de
Castro Lima, Cap. Jaime da Silva Colares, Manoel Bernardo da Silva, Ten. Cel.
Manoel Carlos de Lima, Manoel Tourão Dias, Cap. Pio Gomes de Araújo.
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