MOJU EM 1911, NAS PÁGINAS DO ALMANAK LAEMMERT

By | fevereiro 14, 2017 Faça um comentário
Moju em 1911, de acordo com o Almanak Laemmert

Almanaque Laemmert (pelo título original, Almanak Laemmert) como é conhecido, denominado Almanak administrativo, mercantil, e industrial do Rio de Janeiro é considerado o primeiro almanaque publicado no Brasil. Editado no Rio de Janeiro, entre 1844 e 1889, pelos irmãos Eduard e Heinrich Laemmert. Mas autores argumentam que o Almanaque da Bahia seja o mais antigo do Brasil.
Originários da cidade de alemã de Rosenberg, no Grão-Ducado de Baden, os irmãos Laemmert fundaram a Livraria Universal e a Tipografia Laemmert, pioneira no mercado tipográfico brasileiro.
Com textos sobre a corte brasileira, os ministérios e a legislação imperial, para além de dados censitários e até propagandas, o Almanaque Laemmert tornou-se fonte fundamental para a compreensão do cotidiano brasileiro do século retrasado.
Atualmente, o acervo do Almanaque, que conta com 46 edições e com cerca de 55 mil imagens, foi disponibilizado pela  OBJDIGITAL por meio de seu sítio de Internet.
Em sua edição de 1911-1912 traz informações importantes e também algumas curiosas sobre Moju, conforme podemos conferir abaixo.
O município de Moju possui clima ameno e saudável. Os seus habitantes cultivam ativamente farinha de mandioca, arroz, milho e feijão, sendo as suas principais produções a goma elástica borracha, madeiras, cacau, castanha, breu, azeites de andiroba, e de pataná, jutai-seca, etc. Também exporta couros, jabotis, estopa, chapéus de cipó, cordas de curaná, laranjas, melancias, ananazes e muitas espécies de frutas que o solo produz.
Presume-se a existência de ouro no alto rio Moju. Já em tempos remotos, o Sr. Antônio Corrêa de Miranda, proprietário da fazenda Santo Antônio do rio Moju, subindo o rio com um profissional, procedeu a escavações em certa paragem, extraiu grande quantidade desse metal. Tendo o referido mineiro, que se chama Hilário Martins, seguido para a Bahia, seu estado natal, com parte do ouro que lhe tocou, lá faleceu, não tendo com isso continuado a exploração do Sr. Corrêa de Miranda à falta de pessoal habilitado para ela. Entretanto, até hoje, todos quantos sobem ao alto Moju, afirmam a existência ali de muito ouro, porque em qualquer gruta, enseada ou igarapé, como na mesma praia chamada Dona Januária, é visto muita malacacheta, sinal infalível da existência do ouro. Há mesmo ocasiões em que a praia Dona Januária parece estar toda coberta de ouro, e até o leito do rio, onde quer que a nossa vista alcance. O panorama é imponente e deslumbrante.
Possui o Moju muitas cachoeiras formadas de granito de superior qualidade, como gnessico, pegmatico, calcite, calcário, quartzo, cristal, grês e muitas outas qualidades de pedras aproveitáveis para construções prediais.
Existem no alto Moju grandes seringais ocultos e é provável a existência de cauchaes. As cachoeiras são abundantes desde a foz do rio Moju, em diversos lugares de suas matas; acima, porém, da cachoeira Jararacuera existem florestas naturais de castanheiras.
A Vila de Moju comunica-se com a cidade de Abaeté por meio de uma estrada de rodagem na extensão de 24 Km. Os habitantes dos rios Ubá e Jambuaçu também comunicam-se com o Moju por meio de uma estrada de rodagem cuja extensão é superior a 12 Km. Estas estradas se acham em perfeito estado de limpeza e trânsito.
O rio Moju oferece franca navegação aos vapores de pequeno e grande calado. A sua largura é variável entre 280 e 300 metros no máximo e 150 a 180 no mínimo; e sua profundidade é de 10 braças em certos lugares do canal, que varia de 3 a 5 braças em suas margens.
A sua população é composta de 600 habitantes, sendo a de todo o município calculada em 10.000 habitantes, dos quais 603 são eleitores, até a revisão eleitoral de 1909.
Funciona na Vila de Moju o Clube Recreativo Dr. João Coelho, próspera sociedade fundada em 7 de setembro de 1907.
A Vila de Moju é constituída por cinco ruas – da República, do Capitão Antônio Dornellas, General Gorjão, Marechal Floriano e Humaitá. Três travessas – 7 de Setembro, 15 de Agosto e 16 de Novembro; duas avenidas – Marechal Bittencourt e 15 de Novembro; duas praças – a do Divino Espírito Santo e São Benedito. Contêm 110 casas, estando ainda algumas em construção. Seus edifícios públicos são: a Intendência Municipal, a cadeia pública, o Grupo Escolar Dr. João Coelho, curro público, et. Avulta a bela Igreja Matriz que se acha em obras de reconstrução. Existem 2 cemitérios regulares, sendo a vila servida por três pontes particulares e um trapiche público coberto de ferro zincado, e iluminação pública feita pelo sistema de gás acetileno.
Funcionam na Vila de Moju o juízo substituto, a coletoria estadual, subprefeitura de polícia, cartório de registro civil e o comando da 2ª brigada da Guarda Nacional.
Administração Municipal
Intendente e Presidente: Cel. Diogo Henderson
Vice-Presidente: Cap. João Raimundo dos Reis
Vogais: Cap. José Francisco de Sarges e Cunha, Cap. Feliciano Ferreira Maia, João Cristino Franco, Cap. Manoel Porfírio de Lima.
Secretário: Ten. Cel. José Barbosa de Castro Lima
Tesoureiro: Ten. Agostinho Santos Maia
Fiscal geral: Maj. Jorge Henderson
Fiscais: Antônio Manoel Cristão, Ten. Basílio Fagundes da Silva, Manoel Tourão Casqueiro, Ten. Pedro Emídio da Costa e Alf. Raimundo Paraense Braga.
Porteiro: Lopo Ferrão de Sousa.
Administrador dos cemitérios: José Narciso Martins
Diretor de iluminação: José Antunes dos Santos
Administração Judiciária
Oficiais do Registro Civil: Ten. Arthur de Sena Monteiro (Vila do Moju) Alf. Filipe de Castro Pires (Freguesia de Cairari)
Administração Policial
1º Distrito (Vila): Subprefeito: Maj. Jorge Henderson – Escrivão: Ten. Agostinho Santos Maia
2º Distrito (Jambuaçu) Subprefeito: Cap. Firmino João da Mata e Sousa Brabo – Escrivão: Emiliano Antônio de Almeida
3º Distrito (Baixo-Moju): Subprefeito: Olímpio Pena do Nascimento Bastos.
INSTRUÇÃO PÚBLICA
Grupo Escolar
Diretor: José Francisco de Sousa Vieira
Professor: Alfredo Antônio Malcher
Professoras: Ermelinda Veloso Ferreira, Josefa Neves Pereira Lima, Rosa Lopes Pereira
Porteiro: João Cristino Franco
Criados: João da Rocha Filgueiras e Joaquim da Rocha Filgueiras
Escolas Municipais
Professores: José Domingos do Nascimento (Caeté), Amélia Gonçalves Martins (Jambuaçu) Pertuliano do Nascimento Castro (Jambuaçu)
COLETORIA ESTADUAL
Cap. Marcos Romano dos Santos (Moju)
Jayme da Silva Colares (Cairari)
CORREIOS
Moju: Agente – José Antunes dos Santos
Cairari: Agente – Raul C. Pestana
RELIGIÃO
Estão vagas as duas paróquias
Irmandades
Em Moju: Divino Espírito Santo, São Sebastião, N. Sra. de Santana, São Raimundo Nonato, São Raimundo Penaforte, Santa Luzia, São João, N. Sra. de Nazaré e mais duas particulares.
Em Cairari: Santa Maria, São Sebastião e N. Sra. da Soledade
COMÉRCIO
Negociantes
Antônio Francisco Nunes, Jorge Henderson, M & B Martins e Cia., Manoel Carlos de Lima, Neves & Filho, Pio Gomes de Araújo, Raimundo Bento da Conceição, Samuel & Sobrinho.
Padarias
Moju: Raimundo Bento da Conceição, Manoel Carlos de Lima
Guajaraúna: Frederico Avelino Martins
Jaguarari: Pina do Nascimento Bastos
Jambuaçu: Firmino João da Mata Brabo
INDUSTRIAIS
Fogos
Francisco Machado Lopes (Cairari)
Manoel Almeida Pinto, Raimundo Higino Costa (Moju)
Serrarias
Antônio Ramos de Oliveira (Jambuaçu) e Simão Antônio Gomes (Guajaraúna)
PROFISSÕES
Barbeiros
Ten. Luiz Gomes Lameira e Raimundo Fernandes do Amaral
Carpinteiros: Ten. Estêvão Antônio dos Santos, João Gualberto de Sousa, José da Silva, Marciano Pedro dos Santos, Cap. Marcos Antônio dos Santos, Pedro Rodrigues Maciel
Ferreiro: Clodoaldo Miranda
Funileiro: José Antunes dos Santos
Pedreiros: Crescêncio Manoel Pereira Henrique, João Rodrigues Nepomuceno, Manoel do Nascimento Cabral, Raimundo Romano dos Santos, Ricardo Antônio dos Santos
AGRICULTORES E LAVRADORES
Antônio dos Santos Quaresma, Gerenaldo Antônio do Espírito Santo, Cap. José Francisco de Sarges e Cunha, Manoel Pantoja da Costa, Manoel Antônio de Azevedo, Manoel dos Reis Cardoso, Manoel Cordolo Ribeiro, Ten. Cel. Manoel Carlos de Lima, Maximiano Belarmino do Espírito Santo, Martinho José de Sousa & Irmãos, Raimundo Paraense Braga, Raimundo Antônio de Sousa, Teodoro Antônio de Castro
CRIADORES
Antônio Francisco Nunes, Barata & irmãos, Ten. Basílio Fagundes da Silva, Cel. Diogo Henderson, Francisco Rodrigues de Siqueira, Maj. Francisco Pestana, Cap. Firmino João da Mata de Sousa Brabo, D. Joana de Lima Ferrão, Jerônimo Manoel Cardoso, Manoel Bernardo da Silva, Manoel Carlos de Lima, Manoel Tourão Dias, Pio Gomes de Araújo.
CAPITALISTAS
Antônio Francisco Nunes, Barata & Irmãos, D. Eufrosina Corrêa de Miranda, Ten. Cel. José Barbosa de Castro Lima, Cap. Jaime da Silva Colares, Manoel Bernardo da Silva, Ten. Cel. Manoel Carlos de Lima, Manoel Tourão Dias, Cap. Pio Gomes de Araújo.


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