DA DÚVIDA DE UM CRÉDULO- UMA CRÔNICA DE TONI CRISTO
Caros leitores, apresento-vos mais uma crônica do amigo Antônio Cristo, mojuense mui digno, que muito nos honra, enveredando-se pelas sendas da escrita. Agradecemos a confiança de nos permitir compartilhar seus escritos.
Esta crônica é uma homenagem à Festividade do Divino Espírito Santo de Moju, que estará acontecendo neste mês, no período de 13 a 20.
Vamos à leitura!
Homenagem ao Padroeiro de Moju.
Busco nesta crônica homenagear não somente o Padroeiro da terra, mas sintetizar o início da história de nosso município que se confunde com a celebração do Divino Espírito Santo.
Antônio Lúcio Cardoso Cristo
DA
DÚVIDA DE UM CRÉDULO.
Quando
adolescente confesso que Tua imagem, inquietava-me
Havia dúvida em crer na Pombinha
dourada sentada sobre a Coroa de prata.
O tempo incumbiu-se de desvendar os enigmas. São os mistérios da fé!
Não
me constranjo em revelar tal inquietude.
Eu te estranhei e, vez ou outra, pensei em duvidar.
Comparei trajetórias. Procurei
teus milagres. Esmiucei a vida de outros santos.
Reconstruí teu passado para
fortalecer minha crença. Busquei Tua história para, enfim, escrever este conto.
Tua celebração está laçada nas
águas barrentas do rio que banham minha cidade.
Águas infindas que riem e choram.
Águas que encantam, mas deságuam num desencantar diário. Águas que vêm, mas não
insistem em ficar. Águas que escrevem
nossa história e que as correntezas não levam.
No passado o vento rebocou barcos
para estas matas. Aportaram pessoas carregadas de ilusões e desilusões;
alegrias e tristezas. E por aqui semearam sonhos e infinitas esperanças.
Por aqui aterraram Marias,
“Joões”, “Josés”, Joanas e “Antônios”. Ancorou o senhor das terras. Aportou
Dornelles. A missão era desbravar a mata. Ocupar o chão. A cobiça da terra está
no passado e perpetua-se no presente.
Multiplicam-se pessoas. Replicam-se sonhos.
Nasce um vilarejo. Cresce um povoado.
Outros barcos ancoram. Ocupa-se a mata e chegam outras missões.
Bem-vinda a Igreja. Bem-vindo o
Bispo português Miguel de Bulhões que benze as terras a Ti doadas. É o início
da evangelização.
O sol sempre nasce e numa das
vezes surge, às margens do rio, a freguesia do Espírito Santo. Eis a herança
portuguesa!
A Rainha Santa de Portugal tem
sua graça realizada. Cumpre a promessa e replica tuas imagens. Expandem os
devotos. Cresce donativos. É o domínio
português no novo mundo.
O desafio é reinar em outras
terras. A pombinha alça voo e atravessa o atlântico. Pousa na Amazônia. Encanta
o povoado.
Refletem sinais de Tua presença.
Ergue-se o templo nas margens de um rio. O sino ressoa e ecoa. Clamam devotos.
Teu nome é consagrado.
Na bagagem católica guarda-se a
religiosidade portuguesa. No céu amazônico guardarás um povo. A bandeira do
Divino tremulará no topo do mastro.
A pomba é o prenúncio de um novo
tempo. É a renovação de esperanças.
Tu
és o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Um só corpo!
São os mistérios da fé.
O evangelho profetiza tuas
infindas passagens divinas. Sinais de Tua presença no meio de teus filhos.
Noé solta-te três vezes. Voas.
Retornas duas vezes. Trazes no bico a folha de oliva. Na terceira vez não
retornas. Noé crê no teu sinal. A normalidade da terra voltou. É o fim do
dilúvio. É o novo tempo!
Ao batizar o filho de Deus, o céu
se abre. É o anúncio de Tua chegada.
Desce o Espírito de Deus
em forma de pomba. É a presença do Santíssimo!
O filho de Deus ressuscita ao terceiro dia. Páscoa!
O Santíssimo desce cinquenta dias
depois da ressurreição do seu Filho. Pentecostes!
Tu, meu Deus, em forma de pomba e
línguas de fogo, transmites mensagens aos apóstolos e a mãe de Jesus. É o
convite para propalar Tua Palavra.
Pentecostes é o anúncio de um
novo tempo. Festa divinal que celebra a vinda do Espírito Santo. É o firmamento
do Evangelho. É o agradecimento ao Pai pela fartura da colheita.
É a festa do Divino!
Tua bandeira içada no mastro
anuncia tua chegada. Tua bandeira em punho prega tua palavra. Vermelha é tua
cor. Vermelho é o amor de Deus aos homens. É o sangue de teus mártires por
disseminar tuas palavras.
O mastro não é profano. O mastro
é sinal de gratidão. Ao ser alçado ostenta oferendas para agradecer. É o
agradecimento de teus filhos pela terra e frutos colhidos.
Bem-aventurados os que creem. Bem-aventurados
os frágeis que reconhecem suas fraquezas. Bem-aventurados os homens e mulheres
que plantam e semeiam tua palavra, pois assim colherão frutos. Bem-aventurados os que repartem e agradecem o
pão.
Tu és Divino na sua plenitude.
Divino,
pai de todos os pobres pecadores.
Divino Espírito Santo, teus
filhos anunciam sempre tua chegada. Fazei desta terra tua morada.
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