Viagem do naturalista Alfred Russell em 1848 pelo Rio Moju

By | outubro 25, 2011 Faça um comentário

Relato da passagem dos naturalistas ALFRED WALLACE RUSSELL E HENRY BATES pelo Rio Moju no ano de 1848 (Veja mais na Wikpedia ). Ele faz uma bonita descrição de nossas belezas naturais.
 

(27 de Agosto de 1848) "No dia seguinte, às cinco horas da manhã, levantamo-nos e verificamos, então, que já estávamos nas alturas do rio Moju, em cujo curso deveríamos prosseguir, pois que ele entra no rio Pará do lado do sul.
A manhã estava deliciosa. As saracuras e uma espécie de codornizes estavam entoando os seus melancólicos cantos, que se ouvem quase sempre, de manhã e à noite, nas margens dos rios. Altas palmeiras erguem-se ali, na beira do rio. Quando o sol surgiu, com aquela manhã tão fresca e tão agradável, o espetáculo era realmente belo.
Cerca das oito horas, passamos por Jaguari (Jaguarari), onde fica a propriedade do Conde Brisson, havendo ali 150 escravos, que tratam especialmente do cultivo da mandioca.
Almoçamos a bordo, e, cerca das duas horas da tarde, alcançamos Jigheri, (Juquiri) um lindo lugar, com as margens do rio muito escarpadas, cobertas de capinzal, e onde se viam inúmeros cacaueiros, palmeiras e laranjeiras.
 Ali paramos para esperar a maré e preparar, na praia, o nosso jantar. Enquanto isso, eu e o Sr. Bates saímos, procurando alguns insetos.
Eles eram abundantemente encontrados ali, tendo nós logo apanhado duas novas espécies de borboletas, que ainda não havíamos visto no Pará, até então.
Nós não esperávamos, em tão curta distância, achar tal diferença de insetos.
Mas se isso ocorre na Inglaterra, por que não haveria de suceder aqui?
Tive ocasião de ver uma cobra muito comprida e delgada, de uma cor pardo-escura, enrodilhada entre alguns arbustos. Sem que ela se movesse, era muitíssimo difícil poder-se distingui-la do caule de uma trepadeira.
Os nossos homens, pela manhã, apanharam uma preguiça, quando ela estava atravessando o rio, que, naquele local, era de cerca de meia milha de largura.
Era ela diferente das outras, que já havíamos visto vivas lá em Belém.
Os índios prepararam-na para comer, e, como consideram a sua carne um delicado manjar, eu resolvi prová-la também, verificando que de fato era muito macia e saborosa.
À tarde, ao pôr-do-sol, o cenário era de uma admirável beleza. Viam-se grupos de elegantes palmeiras, enormes árvores de algodão-seda, as casas dos negros rodeadas de mangueiras e laranjeiras, o majestoso rio com as suas margens alcantiladas, estendendo-se, lá no fundo, a eterna floresta.
Tendo isso, suavizado pelos pálidos clarões de um mágico crepúsculo de meia hora, formava um quadro indescritivelmente belo."

Retirado do livro Viagens pelo Amazonas e Rio Negro (p. 89-90)

Alfred Wallace Russell disponível em http://wallacefund.info

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