Passagem do Príncipe da Prússia em 1843 pelo Rio Moju

By | outubro 31, 2011 Faça um comentário
O professor mojuense Amilton de Moraes Gordo está escrevendo um livro com título: Moju:entre o rio e a estrada, onde em um trecho cita a passagem do príncipe Adalberto da Prússia, descrita em sua publicação "Brasil: Amazonas - Xingu" (Brasília: Senado Federal, 2002.Pag. 370,371), nos dias 01 e 02 de janeiro de 1843. (Disponível em http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/1084
Capa do Livro

É mais um capítulo da descrição de estrangeiros que nos primórdios de nossa história deixaram sua contribuição para a posteridade.
Confiram o texto:

“...O preamar levou-nos entretanto pelo curto canal com cerca de 13 metros de largura, tão raso que só é navegável com a maré cheia, até sua embocadura no Moju. Aí tivemos de ficar por muitas horas, porque o Moju também enchia com muita força, porém contra nós. Só com o começo da ainda impetuosa vazante pudemo-nos entregar a suas largas águas escuras-amareladas, que arrastaram o igarité com a velocidade duma seta.
Com a entrada neste grande rio, toda a vegetação mudou como por magia. A mais bela floresta virgem, que nos mostrava ao mesmo tempo tudo o que é grandioso e tudo o que é encantador que tínhamos visto nas florestas do Brasil, subia pela margem do rio como se quisesse tornar-nos a despedida mais penosa no último momento ou enfeitiçar-nos com o desdobramento na tranqüila magia de suas sombras, de todos os encantos da natureza tropical. Majestosos troncos colossais com leves tetos de copas, impenetráveis maranhas de lianas quais paredes semeadas de lindas flores e entremeadas de todas as espécies de palmeiras imagináveis, cada uma procurando exceder a outra em beleza e graça, acompanhavam a margem        esquerda por onde agora seguíamos. E como sabiam as palmeiras agruparem-se pitorescamente em volta das numerosas e umbrosas inflexões da floresta, como nichos, destes santuários escondidos nos quais os raios do sol da tarde quase que não podem penetrar, enquanto aqui e ali, uma audaz passiúba com as leves raízes adventícias rodeadas de um montículo de plantas aquáticas verdes, elevava-se atrevida e alegre sobre um pedaço de terra separado da margem 7 a 15 metros, como sobre uma ilhota, e como se quisesse assim ser admirada por todos os lados. Aliás, as encantadoras e graciosas passiúbas pareciam ser entre todas as espécies de palmeiras as que predominavam aqui; depois delas, porém, a najá e a bacaba, ao passo que a miriti só raramente se mostrava.
Se ontem só víamos de quando em vez uma casa isolada na orla da floresta, em compensação, em nossa viagem de hoje pelo Moju abaixo, sobretudo no platô que se eleva de 9 a 15 metros acima da superfície do rio, na margem direita, víamos um numero de fazendas cada vez maior e maiores. Anunciava-se assim pouco a pouco a proximidade da cidade. Chamou sobre tudo entre toda a nossa atenção a propriedade do Coronel Brício, incontestavelmente a mais importante destas fazendas: Jacuarari fica na embocadura do largo Acará, um afluente da direita do Moju. A casa de habitação, um bonito edifício, está rodeada de um belo jardim, de grandes canaviais e vastos prados....”
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