O professor mojuense Amilton de Moraes Gordo está escrevendo um livro com título: Moju:entre o rio e a
estrada, onde em um trecho cita a passagem do príncipe Adalberto da Prússia, descrita em sua publicação "Brasil: Amazonas - Xingu" (Brasília: Senado Federal, 2002.Pag. 370,371), nos dias 01 e 02 de janeiro de 1843. (Disponível em http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/1084
Capa do Livro |
É mais um capítulo da descrição de estrangeiros que nos primórdios de nossa história deixaram sua contribuição para a posteridade.
Confiram o texto:
“...O
preamar levou-nos entretanto pelo curto canal com cerca de 13 metros de largura, tão raso que
só é navegável com a maré cheia,
até
sua embocadura no Moju. Aí tivemos de ficar por muitas horas, porque o Moju também enchia com muita
força, porém contra nós. Só
com
o começo da ainda impetuosa vazante pudemo-nos entregar a suas largas águas escuras-amareladas, que
arrastaram o igarité com a velocidade
duma
seta.
Com a
entrada neste grande rio, toda a vegetação
mudou como por magia. A mais bela floresta
virgem, que nos mostrava ao mesmo tempo tudo o que é grandioso e tudo o que é encantador
que tínhamos visto nas florestas do Brasil, subia
pela margem do rio como se quisesse
tornar-nos a despedida mais penosa no último momento ou enfeitiçar-nos com o desdobramento na tranqüila magia de suas sombras, de todos os encantos da natureza
tropical. Majestosos troncos colossais com leves tetos de copas, impenetráveis maranhas de
lianas quais paredes semeadas de lindas flores e entremeadas de todas
as espécies de palmeiras
imagináveis, cada uma procurando exceder a outra em beleza e graça, acompanhavam a margem esquerda por onde agora seguíamos. E como sabiam as palmeiras agruparem-se pitorescamente em volta das numerosas e umbrosas inflexões da
floresta, como nichos, destes
santuários escondidos nos quais os raios do sol da tarde quase que não podem penetrar, enquanto aqui e ali,
uma audaz passiúba
com as leves raízes adventícias rodeadas de um
montículo de plantas aquáticas verdes,
elevava-se atrevida e alegre sobre um pedaço de terra separado da margem 7 a 15 metros, como sobre uma
ilhota, e como se quisesse assim
ser admirada por todos os lados. Aliás, as
encantadoras e graciosas
passiúbas pareciam ser entre todas as espécies de palmeiras as que
predominavam aqui; depois
delas, porém, a najá e a bacaba, ao passo que a miriti só raramente se mostrava.
Se ontem só
víamos de quando em vez uma casa isolada na orla da floresta, em compensação, em nossa viagem de hoje pelo
Moju abaixo, sobretudo no platô que se eleva de
9 a 15 metros acima da
superfície do rio, na margem
direita, víamos um numero de fazendas
cada vez maior e maiores. Anunciava-se assim pouco a pouco a proximidade da cidade. Chamou sobre tudo
entre toda a nossa atenção a propriedade do Coronel Brício, incontestavelmente a mais importante destas fazendas: Jacuarari fica na embocadura do largo Acará,
um afluente
da direita do Moju. A
casa de habitação, um bonito edifício, está rodeada de um belo jardim, de grandes canaviais e vastos prados....”
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